sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sensatez em meio ao caos

Sensatez em meio ao caos. Como pode me cobrar isso? Cada um com tanta opinião, eu sem saber a minha.  Ele tirou a minha filha, levou para longe, a Justiça me fez perder a guarda. A casa. Meu eixo.

O que se quer de mim, o que se espera de mim, não é o que eu quero ser -- eu não consigo ser quem você quer que eu seja. Estou sozinha. Estou com medo. Eu não quero fracassar. Se eu voltar, se eu for para a cidade em que minha filha está, vai ser difícil. Há brigas em casa, conflito. Há ele. Não há emprego, lugar, espaço, identidade.

Mas, se eu ficar, eu luto. Se eu lutar, eu venço.

Não me importa se, durante a luta, eu for alvejada pela flecha cruel da realidade mundana. Vou morrer, mas vou morrer Santa. Vou morrer, mas vou morrer guerreira. Ninguém sabe como é lá, no meu 'lar' -- um universo psíquico denso, permado por dor, violência -- eu não mereço isso. Ele tirou tudo de mim, eu perdi tudo. Minha vaidade, minha maternidade, minha essência. Mas ele não vai vencer.

Eu vou (sorrio em meio às lágrimas que escorrem pela minha face). Meu sorriso trêmulo molhado pelo choro compulsivo. Quem irá dizer que não tenho razão?

Minha vida é uma bigorna em queda livre. Cai rapidamente. Às vezes sou bigorna, às vezes sou o animal que vai ser espremido quando atingir o solo e, entre o solo e a bigorna, estiver meu corpo -- primeiro ereto, depois massacrado. Moído. Com o sangue se espalhando pelas laterais e o cérebro se esparramando por todos os lados. Estou moída. É injusto, muito injusto. Dói. É abandono e carnificina. E você ainda quer que eu recolha meus pedaços e jogue aos leões?

Uma casa, uma psiqué. Uma casa onde todos moram. Uma psiquê onde todos os monstros habitam. Como voltar sem ter uma corda que me leve de volta à saída do labirinto familiar?

É este o ponto em que cheguei.

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