sábado, 11 de julho de 2015

Foi aí que te perdi

Até hoje, quando se falam, os sentimentos se estremecem. Lembra do carinho, do afeto, da cumplicidade. Não é que seja amor, daqueles que a gente espera a vida inteira – ou talvez até seja, e o que pensa esperar é mera fantasia. O fato é que não deu certo. Em algum momento da vida o caminho dos dois se bifurcou e, frente às possibilidades, cada qual seguiu seu curso. Se falam, mas rapidamente, por mensagens de Whatsapp. Depois ficam a semana inteira repensando no que disseram, no que viveram, e tentando enxergar quando foi que tudo acabou.

Soube só quando o silêncio se estabeleceu, como as sombras dos prédios cobrindo as areias da praia em dia de inverno. O vento frio, o escuro, o desconforto. Pararam de brigar, de argumentar, deixaram de tentar. Tinham medo de dar o próximo passo, tinham medo de falhar, tinham medo. Então, como que para não falharem, veio o fim, falhando na continuidade e acertando no receio. Vivendo o que sabem viver com perfeição: a solidão sem escolhas definitivas.

Ou… ou então, apenas mudaram. E, sem saber o que eram, perceberam-se diferentes. E, sendo diferentes, perceberam-se estranhos. E, sendo estranhos, já não conversavam mais. E, sem conversar, veio o desconforto do desconhecido dentro do elevador enguiçado em algum andar mediano. Nem lá nem cá. Nem subindo nem descendo. Nem chegando nem partindo. Sem conversas sobre a vida, sem trocar experiências, sem... Sem terem um ao outro. Foi aí, então, que te perdi.

domingo, 5 de julho de 2015

L. (de lindo)

Sábado seria o nosso dia. Fiquei andando de carro pela cidade por não ter para onde ir. Liguei para vários amigos querendo passear, conversar, tomar sol no parque... e nada. Quando cheguei na letra L, já estava deprimida com tantos nãos e fui passear sozinha no parque. Não te liguei.

Livro, caderno, caneta, Sol. Uma vontade enorme de escrever meu ensaio, que não sai. Rabisquei versos, me senti sozinha, depois me senti suficientemente eu, depois me perdi com um vento frio que bateu quando o Sol se escondeu atrás da nuvem. E lá fiquei.

Voltei pra casa e resolvi mexer nas coisas. Mudei móveis no meu quarto, arrumei os papéis do escritório e também mexi nos móveis - tirei a cama de lá porque ela só me dava sono na hora de escrever a monografia... Aí fui para o jardim. 

Quando resolvi adubar meus vasinhos de plantas, vi que nascia um amor-perfeito, semado uns dias antes. Duas pequeninas folhinhas despontavam da terra, tal qual uma criancinha valente que se sente feliz por crescer. É um amor-perfeito. Quiçá a natureza se aproprie dessa metáfora e faça florescer em mim um amor-perfeito carinhosamente semeado. É só regar e colocar no Sol pra crescer.

Feriado cheio de reuniões familiares. Primos, tios, pai e mãe... reinou a paz etílica e a diversão.

Pena não ter te ligado sábado. Seria uma boa companhia para uma tarde no São Lourenço.

[]´s

E.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Espiral e Labirinto

O tempo se faz espiral e labirinto. O tempo que se leva para chegar até um ponto às vezes é maior do que o tempo que se tem para chegar até o fim. O tempo em espiral, vertical, vertigem carne feita, osso duro, emoção que afoga, que desperta, que motiva, que leva até que fique leve e a espiral se torne tobogã.

O tempo que se faz labirinto em pensamentos que se perdem e se misturam. E você segue em uma linha, vira e vai, vira e vem. Dá no fim, tem que voltar. Labirinto: lá que vai e fica. Labirinto que se torna infinito sem o tempo de pensar e perceber o caminho pelo qual já se passou.

Tempo 1: nascimento
Tempo 2: mamadeira
Tempo 3: escola
Tempo 4: opções - família
                           - escola / faculdade
                           - viagem
                           - trabalho

Tempo 5 que corre em meio ao tempo 4 (espiral): namoro, união, casamento
Tempo 6 que ocorre em meio ao tempo 5 e tempo 4 (espiral e labirinto): filhos, criação, escolhas
Tempo 7, que pode não haver: separação
Tempo 8 que pode ser antes do tempo 5: reencontro consigo mesmo.
Tempo 9: descoberta
Tempo 10: renascimento

Espiral é a vertigem que me dá ao viver.
Labirinto é o medo de seguir e a necessidade de planificar o imponderável.

Siga e vá. Bate na porta, não abre? Volte e tente outra. Ou observe. Pare e pense. A pressa que te move pode te afastar do que você busca.