sábado, 11 de julho de 2015

Foi aí que te perdi

Até hoje, quando se falam, os sentimentos se estremecem. Lembra do carinho, do afeto, da cumplicidade. Não é que seja amor, daqueles que a gente espera a vida inteira – ou talvez até seja, e o que pensa esperar é mera fantasia. O fato é que não deu certo. Em algum momento da vida o caminho dos dois se bifurcou e, frente às possibilidades, cada qual seguiu seu curso. Se falam, mas rapidamente, por mensagens de Whatsapp. Depois ficam a semana inteira repensando no que disseram, no que viveram, e tentando enxergar quando foi que tudo acabou.

Soube só quando o silêncio se estabeleceu, como as sombras dos prédios cobrindo as areias da praia em dia de inverno. O vento frio, o escuro, o desconforto. Pararam de brigar, de argumentar, deixaram de tentar. Tinham medo de dar o próximo passo, tinham medo de falhar, tinham medo. Então, como que para não falharem, veio o fim, falhando na continuidade e acertando no receio. Vivendo o que sabem viver com perfeição: a solidão sem escolhas definitivas.

Ou… ou então, apenas mudaram. E, sem saber o que eram, perceberam-se diferentes. E, sendo diferentes, perceberam-se estranhos. E, sendo estranhos, já não conversavam mais. E, sem conversar, veio o desconforto do desconhecido dentro do elevador enguiçado em algum andar mediano. Nem lá nem cá. Nem subindo nem descendo. Nem chegando nem partindo. Sem conversas sobre a vida, sem trocar experiências, sem... Sem terem um ao outro. Foi aí, então, que te perdi.

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